O ovo.

Em meio a todas aquelas mãos, ele se exaltava. Mãos vorazes que machucam seus companheiros. De repente seu amigo ao lado cujo ele conhecia desde quando fora pra li, foi esmagado, por uma senhora gorda que estava a procura de um presente para o filho.

Ele sabia que não tinha muito tempo para sua hora chegar. De cima da prateleira em meio a suas divagações, ouve: aquele mãe! Uma garotinha loirinha,de olhos azuis , parecendo um anjo.Com no máximo oito anos, seus olhos brilhavam e isso o deixava melhor, fazendo se sentir, especial. O melhor é que ele estava inteiro ,sabia que era o melhor entre aqueles , era o Escolhido . Chegando em casa a mãe orienta a filha que a tradição é que os ovos só são consumidos no domingo depois da paixão. Obediente, ela passa os dias a admirar o seu querido, sua embalagem, que de tão bem feita e bonita a fazia pensar se iria ou não abri-lo. Ele sabia de suas dúvidas e ficava com medo de permanecer ali até a próxima páscoa , ou pior : alguém chegar ali desembrulhá-lo de qualquer jeito e comê-lo num fim de tarde assistindo um filme.As idéias davam voltas dentro dele. Agora sua existência girava em torno do que iria acontecer no domingo , será que ela ia desembrulhá-lo?

O domingo chega,a primeira coisa que ela faz é perguntar mãe se já pode comer seu ovo. A mãe responde que sim. Ela corre até a mesinha na qual ele está...

Parada por um longo momento, ela permanece olhando.

De repente, pega ele com força e acaba por quebrá-lo.

Começa a chorar e gritando diz : mãe , eu não quero mais esse ovo feio, ele ta quebrado!